DECLARAÇÃO DE MARà LIA ROCHA, OPERADORA DE TREM DO METRO DE SP
Não podemos aceitar operar um trem com mulheres sendo assediadas!
17 Apr 2014
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Por: MarÃlia Rocha - Candidata a Delegada Sindical no ITT (Operadores de Trem da Linha 3 – Vermelha)
A realidade da violência contra a mulher e estupros no nosso paÃs é gritante. São mais de 50 mil mulheres estupradas por ano e uma média de 5 mil mulheres mortas. Contando com as que não denunciam por medo, vergonha ou por desacreditar da polÃcia, que na maioria dos casos comprem um papel de humilhá-la ainda mais (até mesmo nas Delegacias da Mulher), os números são ainda piores. Essa discussão ficou evidente pela pesquisa publicada pelo IPEA, que divulgou um dado de que 65% dos entrevistados concordavam com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas†. Posteriormente, assumiram o erro e divulgaram o dado correto de 26%, que não deixa de ser um número alto. Também ganhou destaque o assédio nos transportes depois da propaganda do Metrô e do governo do estado de SP que dizia que “o trem cheio é bom porque dá pra xavecar a mulherada†. O que eles querem é justificar os assédios, justificar o machismo e tirar o foco da responsabilidade que têm por conta da superlotação.
O Metrô de São Paulo está no olho do furacão. Somente este ano já foram registrados cerca de 20 casos. Dirijo todos os dias o vagão da linha vermelha e considero que nós, trabalhadoras e trabalhadores do Metrô, trem e ônibus, não podemos aceitar trabalhar em estações, operar trens ou dirigir ônibus normalmente, enquanto tem mulheres sendo assediadas ou violentadas! Por isso nós interviemos no Seminário da Campanha Salarial do Metrô propondo uma verdadeira campanha contra o assédio sexual. Achamos que trabalhadores e trabalhadoras do Metrô podem, junto com a população usuária, fazer efetivamente diferença para dar um basta nessa situação!
Lutamos para que a Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários elabore, junto à s metroviárias e usuárias, uma ampla campanha com fotos, cartazes, vÃdeos e painéis, além de um anúncio sonoro nos vagões contra o assédio. Que o Metrô disponibilize espaço na TV do trem e nos painéis publicitários para esta campanha. E nós, operadores e operadoras de trem e funcionários das estações, devemos emitir esse anúncio, deixando claro que os metroviários estão do lado das mulheres no combate à violência, chamando a que as mulheres denunciem os casos para a secretaria de mulheres do sindicato e denunciando a responsabilidade do governo e da empresa. Devemos lutar por comissões de metroviárias e usuárias a partir da Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários para apurar os casos de assédio e exigir punição dos agressores. As mulheres violentadas ou assediadas devem ter direito a licenças remuneradas no trabalho e assistência financeira garantida pelo Metrô, com tratamento fÃsico e psicológico!
Acreditamos que essa é a forma de colocar as metroviárias e metroviários em ação, buscando fazer a diferença na luta contra o assédio e se aliar a população usuária, em especial à s mulheres. Nada a ver com a polÃtica do PSTU (em nome do Movimento Mulheres em Luta) de distribuição de alfinetes, que não à toa perdeu a votação no Seminário da Campanha Salarial do Metrô, já que os trabalhadores não consideram que se trata de uma campanha efetiva ou a polÃtica também defendida pelo PSTU da implantação dos vagões exclusivos para mulheres nos horários de pico, uma medida que segrega a mulher, naturalizando a situação de assédio.
Chamamos todos que tem acordo com a perspectiva que apresentamos aqui a se somar na luta cotidiana contra a opressão às mulheres!
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